No dicionário, sabotagem é definida como “ação de provocar prejuízos ou danos”. Se ficarmos apenas ao pé da letra, parece que é simples e fácil identificar o que não nos faz bem, não é mesmo?
Na verdade, é que na maioria das vezes, eles são inconscientes e estão ligados ao nosso sistema de sobrevivência. De alguma forma os autossabotadores nos auxiliaram na infância, mas hoje, na vida adulta, nos atrapalham a alcançar o que desejamos. E se não soubermos lidar com eles, quanto mais relevante for o nosso objetivo, mais presente eles estarão.
Shirzad Chamine, autor e professor na Universidade de Stanford, desenvolveu o conceito de Inteligência Positiva, onde classificou dez padrões de sabotadores da seguinte forma:
CRÍTICO: é o comandante dos outros nove que vem a seguir. Critica a si mesmo, aos outros e as circunstâncias. Te faz acreditar que a crítica é para o seu bem, que é uma forma de você não relaxar demais. É focado no que falta, no que não está bom. Na carreira cria muitos conflitos de relacionamento, tantas críticas te coloca para baixo ou até não te deixa sair do lugar.
PRESTATIVO: deseja agradar a todos, para ser aceito e reconhecido. Te faz acreditar que não é por você é pelos outros, que não quer nada em troca e que colocar as outras pessoas na frente de si próprio sempre, é algo normal. Na carreira se sobrecarrega de tarefas, aceita projetos e funções que nem gostaria por dificuldade de dizer não.
HIPERVIGILANTE: está em alerta para tudo que pode dar errado. Te faz acreditar que, se você não ficar sempre atento ao perigo da situação, ela vai dar errado. Gera muita ansiedade e preocupação, esgotamento mental em si e nas pessoas ao redor.
CONTROLADOR: deseja controlar tarefas, metas e pessoas. Te faz acreditar que todos precisam de você e do seu controle, senão as coisas vão dar errado. Na carreira as pessoas ao redor se sentem impotentes, tem receio de opinar ou contribuir, não desenvolvem a autonomia, além de se sobrecarregar de tarefas e funções.
INSISTENTE: deseja organização e perfeição em tudo que realizar. Te faz acreditar que os problemas existem para serem resolvidos e há um jeito óbvio e certo de solucioná-los. Assim, deixando tudo perfeito, estará protegido de críticas. Na carreira podem complicar tarefas, ficar sobrecarregados além de deixar as pessoas ao redor pouco suficientes de tantas críticas recebidas.
HIPERREALIZADOR: a vida é medida pela quantidade de realizações. Te faz sentir culpa quando está descansando, pois poderia estar produzindo. Na carreira tem uma tendência a ser workaholic, com isso, perde o equilíbrio na vida como um todo.
HIPERRACIONAL: foco intenso no lógico e racional. Te faz acreditar que as emoções e sentimentos atrapalham os projetos. Na carreira limita a profundidade e a flexibilidade dos relacionamentos, perde a conexão com as pessoas.
INQUIETO: considera-se multitarefas, pula de uma meta para outra. Te faz acreditar que não pode perder nenhuma novidade, e que precisa procurar novos estímulos. Na carreira tem dificuldade de terminar as tarefas e seguir com objetivos já traçados. As pessoas ao redor se sentem perdidas, e pouco valorizadas já que o plano é alterado no meio do caminho.
ESQUIVO: evita situações ou tarefas desagradáveis. Te faz acreditar que o conflito é sempre ruim e que alguém precisa ser o pacificador. Na carreira tem dificuldades em dar feedbacks de melhoria e se posicionar em situações de conflito. Questões simples se tornam complexas de tanto que foram adiadas.
VÍTIMA: culpa os outros e as circunstâncias, por tudo que ocorre de ruim. Te faz acreditar que se “vitimizando” irá receber a atenção que merece. Na carreira as pessoas se afastam, pela falta de autorresponsabilidade e até por tantos ressentimentos.
E aí, fez sentido para você? Conseguiu se identificar com um ou alguns? O próximo passo é trabalhar naquele que mais te atrapalha hoje… e você deve estar se perguntando: isso é possível? Sim, no processo de coaching olhamos bem de perto onde e como eles podem ser minimizados, mesmo os autossabotadores nos conhecendo muito bem, e sabendo até o que nos dizer e como nos conduzir. É uma mudança de hábito de pensamento. Isso porque, muitas vezes nem percebemos o quanto eles drenam a nossa energia, nos fazem sentir culpados, carregando o peso da obrigação do “tem que” ou “que é assim mesmo”.
A verdade é que, infelizmente, nos acostumamos a conviver com eles, mas não precisamos! E tudo pode ser mais leve, e acredite, com os mesmos ou até melhores resultados.
Todo mundo pode e deve transformar autoconhecimento em evolução, através de pequenas ações realizadas de maneira consistente.
Coragem e movimento!